(De notar que esta análise faz parte da republicação de algumas análises do PSGames Power, o blog a que este sucedeu, e esta análise algo reajustada agora, é originalmente de 2018)
A Bluepoint regressa novamente com trabalho feito num dos clássicos da PS, não sendo esta a primeira vez que eles metem as mãos no trabalho da Team ICO e mais nomeadamente em Shadow of the Colossus, pois foram eles que remasterizaram o mesmo e o ICO para a PS3, desta vez o trabalho foi mais complexo e o objetivo foi recriar do 0 este ícone original da PS2.
Apesar de ter SotC na PS3, a verdade é que ainda não tinha chegado a vez dele ser jogado tendo-me ficado por experimentar de relance, já na PS2 só me tinha ficado pela demo (infelizmente), por isso esta foi a primeira vez que fiz uma jornada completa pelo jogo. A meu ver a história de SotC não é nada de significativo em termos de ser algo ativo no jogo, aliás aqui a história é completamente um elemento secundário, pelo que nela jogamos com um guerreiro chamado Wander que leva uma rapariga pela qual está apaixonado, Mono, para um altar nas terras proibidas do mundo onde se passa o jogo, e lá, pedindo ajuda a uma entidade superior, ele pretende ressuscitar a sua amada que foi vitima de um sacrifício, pelo que para conseguir alcançar o seu desejo a entidade dá-lhe 16 tarefas em que cada uma corresponde a matar um Colossi, criaturas de proporções gigantes e mesmo titânicas que ocupam zonas destas terras proibidas onde não reside mais ninguém além de vislumbres de vida na forma de vegetação e alguns animais como falcões, peixes, lagartos, entre mais um ou outro. Aqui, SotC traz-nos um mundo vazio de atividade real e no sentido da sua experiência não necessita de muito mais.
Na nossa jornada vamos andar acompanhados da nossa égua, Agro, fiel companheira que nos vai seguir para todos os sítios onde puder ir e ajudar-nos a ganhar alguma vantagem em alguns dos combates contra certos Colossi, sendo que noutras ocasiões a mesma terá de ser deixada para trás. Vamos estar só armados com arco e flecha, e uma espada, e de notar que o maior ponto de referência deste jogo é os combates contra os Colossi que vêm sempre num formato de puzzle e plataformas, sendo que vão ser sempre uma atividade de analisar a situação, em que por vezes rapidamente descobrimos o que fazer ou como alcançar uma plataforma para nos podermos atirar ao Colossi, e noutras vai dar mais trabalho em arranjar forma de nos atirar a ele, porque o objetivo vai sempre rondar o encontrar maneira de escalar os mesmos e feri-los em pontos vitais que os mesmos tenham, sendo que podemos descobri-los escalando os mesmos e ficando próximos destes pontos vitais (em alguns casos assim terá de ser), ou usando a nossa espada em conjunto com a luz do Sol que serve para quando direcionada a estes pontos revelá-los, mas também esta habilidade serve para nos guiar em direção aos Colossi no mundo do jogo, isto porque quando conseguimos derrotar o nosso alvo somos transportados de volta ao altar onde se encontra o corpo de Mono e é ai que nos é dita uma breve descrição sobre o nosso próximo alvo.
A jogabilidade é em momentos fenomenal, sente-se que o objetivo deste jogo sempre foi tentar dar um sentimento de movimentos e peso de personagens mais realista tanto no Wander como nos Colossi, e mesmo o comportamento de Agro e o peso que se tem a cavalgar a mesma se sente algo mais realista nos seus movimento, pelo que está física no jogo também é algo que ajuda sem dúvida a dar desafio à demanda de derrotar os Colossi, em especial quando estamos a escalar os mesmos ou quando tentamos estar agarrados ao pêlo deles para continuar a escalada, em que temos de evitar cair, ou porque é naquela zona que se encontra um ponto vital a ferir, claro que a nossa capacidade de conseguir lá permanecer vai depender da nossa stamina que é também repelida com cada ataque desferido, pelo que quando a mesma acaba ou estamos numa altura e posição em que podemos largar e cair num ponto para recuperar alguma, ou vamos cair diretamente ao chão, sem falar que os Colossi se vão mexer e mover de maneira a nos enxotar durante todo este processo.
O controlo aqui da câmara poderá ser o mais problemático em momentos, mais concretamente a meu ver quando tentamos usar o arco e flecha, é este o maior problema para mim, é conseguir efetivamente usar corretamente o arco devido ao posicionamento que a câmara toma em certas alturas, de resto nada demais a apontar, a mesma talvez pudesse ter levado uns tweaks mas em geral não senti problema na minha experiência por causa dela. Ainda de notar que no fim disto tudo o mundo do jogo tem alguns altares que servem como checkpoints para descobrirem, mesmo com o save manual que podem agora fazer na pausa, os mesmo vão provar-se úteis e um ponto interessante é que cada vez que usava um a minha stamina aumentava, achei isto interessante, pois por norma só ao encontrarem e matarem lagartos de caudas fluorescentes e consumirem as mesmas é que a vossa Stamina deveria de aumentar, sendo que no mundo do jogo têm ainda frutos espalhados que quando consumidos aumentam a vossa saúde, mas aqui nesta versão decidiram incluir mais uma maneira de ajudar o jogador a ganhar alguma vantagem.
Aliado à jogabilidade, o grande foco deste jogo centra-se também nos seus elementos visuais, SotC é na sua essência uma experiência cinematográfica e toda a sua jornada épica sobre defrontar estas criaturas é conseguida por dois dos elementos base do jogo, a jogabilidade e o seu nível de grafismo, já para o tempo da PS2 isto ficou como algo épico de se ter alcançado, mas sem dúvida que é na PS4 com este remake que a experiência consegue ser realmente levada a cabo, todo o nível de detalhe que o mundo do jogo tem, todo o nível de detalhe dos Colossi, todos os efeitos visuais que ocorrem quando um deles desfere um golpe monstruoso no solo por exemplo e saem bocados do mesmo a voar pelo ar, em que no processo se levanta uma pequena ou grande nuvem de pó e fica um buraco formado no local de impacto é estonteante, ou quando vamos a “navegar” pelo mundo do jogo e passamos na zona mais desértica e vemos uma poeira de areia levantada no ar, quando vamos a passar numa caverna submersa numa zona desértica e vemos uma pequeníssima “cascata” de areia a cair levemente de um buraco para o exterior sobre o solo, ou quando vamos a atravessar uma caverna e caem algumas pedras e afins e se levanta algum pó pequeníssimo, são nestes grandes e pequenos pormenores que percebemos a imensidão que este jogo tem, e é com estas situações que vamos sentido que é uma experiência detalhada ao nível de realmente poder ser chamada de obra de arte visual.
Não fosse só isto, a sua OST é das mais belas que já ouvi e ajuda a dar e a completar a 100% toda a perspetiva que o jogador ganhe no decorrer da jornada, seja nos momentos mais tristes, seja nos momentos mais épicos, pois sem dúvida que quando derrotamos um Colossi é a música tema desses momentos que torna todo o feito ainda mais espetacular e único do que todo o esforço e decorrer da batalha por si só.
Ainda de notar que na PS4 Pro o jogo tem ainda dois modos visuais de correr, um de Performance que corre a uns estáveis 60fps, ou um Cinemático que baixa para os 30fps e que para quem tenha TVs 4K ou 4KHDR poderá tirar ainda mais partido de qualidade visual, eu usei o modo de Performance e devo dizer que os combates independentemente dos elementos no cenário ou na atmosfera correram sempre suaves e com dinamismo, apesar que no modo Cinemático mesmo sem uma TV 4K pude notar e beneficiar de mais elementos visuais que não se notam no modo performance, pelo que em ambos os casos haverá sempre mais qualidade e performance em relação à PS4/PS4 Slim, ainda de notar que em qualquer um dos modos o jogo beneficia ainda do modo Super Sampling em que ganha mais detalhe visual tanto em modo Performance ou Cinemático.
Para concluir, a história que decorre é um elemento completamente secundário a meu ver, toda a essência da experiência está nos confrontos e na coragem que sentimos em um personagem tão simples partir em direção a feitos impossíveis para conseguir simplesmente dar a vida a alguém que a perdeu de maneira trágica, sendo que apesar deste detalhe vir da história, é a meu ver só a primeira pedra de uma calçada que é completa por todos os outros elementos, mais que só por este ponto que vem de algo secundário apesar de impactante na direcção da experiência em si.
Se já o jogaram nas suas versões anteriores, aqui têm uma oportunidade de o voltar a fazer com todos os seus elementos perfeitamente talhados para a derradeira experiência de SotC, em que posso dizer que do pouco que experimentei da remasterização HD na PS3, devo dizer que senti aqui que esses momentos que passei eram completamente diferentes, e tudo isto se deve ao jogo ter sido refeito visualmente, se nunca jogaram ou chegaram a terminar é nesta versão que o devem fazer, apesar que devem sempre a qualquer ponto jogar o original se assim entenderem, que nunca irá perder o seu valor e talvez para compararem sozinhos as mudanças, mas sem dúvida que a derradeira versão é a da PS4, é esta que dá todo o esplendor a esta obra que sem dúvida o merece e recomendo que passem o jogo em Hard, como referi foi a minha primeira vez e foi assim que o fiz, não foi complicado como esperava mas senti mais desafio em alguns momentos críticos e sem dúvida que deverá ser assim que a experiência do jogo deve ser vivida, ainda a acrescentar que a Bluepoint fez o favor de meter um Photo Mode que tem sem dúvida N momentos onde ser usado.
Esta é uma obra de arte e merece bem o título, uma experiência épica e fenomenal, com um sentimento único devido à escala e imersão que a nossa demanda nos passa. Também ainda de mencionar que o grande foco de replay value do jogo vai sem dúvida centrar-se em explorarem o mundo do jogo num NG+ em busca dos colecionáveis, ou a fazer time attack contra os Colossi de maneira a desbloquear itens para o jogo, como a Mask of Strenght que aumenta os vossos danos com a espada, ou artwork no menu principal. O jogo é fenomenal e merece um 10/10.







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