E desta vez regressei a um dos meus jogos favoritos, um que passei vezes e vezes quase sem conta há cerca de 10 anos atrás, Bioshock, um jogo que quando saiu ainda exclusivo em consola da Xbox 360 quase me fez querer ter uma de propósito por causa dele, sendo que o acabei a jogar na PS3, era jogo que pelo que eu tinha lido na altura e imagens que via em revistas como a BGamer me faziam sonhar em entrar no mundo de Rapture, e agora tantos anos depois da minha primeira jornada por esta aventura regressei a este mundo sombrio debaixo do oceano na Nintendo Switch com a sua versão remasterizada, e tenho uma opinião revigorada e mais aprimorada do que pensava na altura.
A história segue um protagonista mistério, não temos qualquer tipo de registo real de quem somos, de onde vimos ou o que se passou, de repente estamos num avião, no outro momento estamos despenhados no oceano com uma torre no meio do mesmo à qual nadamos e iniciamos a nossa descida para a magnifica cidade de Rapture, uma cidade debaixo de água, vinda da mente de Andrew Ryan que procurava construir uma sociedade tipo Utopia livre das correntes da religião, sociedade gerida por governos democráticos ou não, mas como tudo o que começa livre com o tempo Ryan começa a tentar impor regras e leis, as suas leis, e eventualmente começa uma descida de quase loucura devido a toda a gestão da cidade e de tentar manter uma certa ordem, fora a questão de ter poder a subir-lhe à cabeça, claro que no meio disto começam a surgir rivalidades que levam em parte à queda da sociedade que Ryan criou.
A liberdade leva a vários avanços, nomeadamente na medicina que acabam a originar a descoberta de um modificador de ADN conhecido como ADAM, que levam a experimentações e criações de tónicos e plasmids que se adaptam no ADN do seu utilizador, dando-lhe no caso de tónicos habilidades passivas e algumas activas, e nos plasmids poderes fantásticos como disparar raios, bolas de fogo, lançar bolas que deixam inimigos enraivecidos e afins, com isto leva-se mais experimentações e criações, sendo que ADAM pode ajudar a moldar o corpo humano em questões de plásticas, e o seu consumo em excesso leva a demência, ou seja já estão a imaginar o que aconteceu, a queda de Raptura para a loucura da sua população e ideializações de perfeição humana. Mais experimentações levam a alterações até em crianças para criar criaturas conhecidas como Little Sisters que rondam Rapture para recolher ADAM dos corpos dos habitantes mortos, acompanhadas por Big Daddies, os seus mortíferos protectores que funcionam quase como zombies atrás delas, com o único propósito de erradicar tudo o que constitua uma ameaça para elas.
As bases da história em si hoje em dia não metem tanto impacto como deveriam infelizmente mas é normal, a história é feita de umas quantas reviravoltas chave que actuam como grandes impulsionadores da mesma, a quem o passe pela primeira vez é uma viagem profunda e imersiva neste ponto, para quem repasse é boa de se revisitar de tempos a tempos mas perde um pouco da sua magia está claro e é simplesmente natural que ocorra. Claro que o grosso desta experiência é a sua história e sem esta vertente o jogo perde um pouco do seu encanto, que é assegurado na sua outra metade pelo mundo do jogo e da condicionada exploração dos seus cenários e do que podemos ver mas "não tocar". Sem querer dar muito vamos batalhar pela cidade numa demanda começada connosco por Atlas que segue uma cruzada contra Ryan que está completamente descabido nas suas acções muito devido ao conflito que tinha com Fontaine, a outra grande presença de Rapture e da sua industria que tentava derrubar a liderança de Ryan e procurava maneiras mais ilícitas para conseguir alcançar poder.
A jogabilidade mantém-se algo sólida como imaginava, apesar de gostar mais da fórmula aplicada em Bioshock Infinite, mais em termos da utilização da melee weapon em secundário com a arma/poderes, sendo isto algo que optimiza bastante o combate, mas lá está Infinite é uma versão aprimorada do que foi feito até essa altura, mesmo assim ainda sinto o combate desafiante acima de tudo, com um fórmula simples mas que é em si com elementos suficientes para não ficar aborrecido, seja pela manipulação de engenhos de vigilância inimigos para serem aliados e como isso pode mudar a direcção de um conflito mais aceso, seja pela utilização de plasmids em conformidade com as nossas armas, seja pela colocação de armadilhas simples como minas e mesmo com auxilio algo manipulativo de inimigos e engenhos.
Mesmo assim acho que pelo menos na dificuldade normal chega ali uma certa altura que metade das armas parece que mesmo com os upgrades que podemos ir fazendo ao longo do jogo em estações raras para isso mesmo, parece que não fazem danos suficientes a inimigos que antes iam abaixo de uma maneira mais apropriada, parece haver um escalamento de dificuldade com eles que não é gradual com o nosso armamento e que mesmo combinando o combate de plasmids com o nosso armamento eles são um osso duro de roer e isso por vezes pode desmoralizar um pouco, mas de resto adoro a jogabilidade, ainda hoje em dia não se sente muito datada em comparação com o ritmo mais rápido que fps’s têm hoje em dia, e neste ponto de se sentir um pouco mais lento e com um certo nada de peso no personagem, devo dizer que não é nada mau de todo e ajuda a mais realismo na jogabilidade.
Também certos elementos secundários como o hacking de equipamentos de vigilância, as pesquisas por fotos que levam a uma nota de avaliação de pesquisa através de uma maquina que adquirimos, em que essas pesquisas têm níveis que nos desbloqueiam bónus passivos de danos por exemplo aos inimigos que estamos a "pesquisar" e afins, ajudam a desenjoar do combate com elementos que vão puxar por nós, talvez alguns elementos de puzzles eram bem vindos, mas até que ponto fariam sentido no jogo realmente?! Também os diários de áudio ajudam a dar um sentimento revigorado à exploração dos cenários, que apesar de por mapas são algo vastos até, com zonas escondidas com cache para descobrirmos e estes pequenos colecionáveis que ajudam a aprofundar mais sobre a história e background de Rapture.
Visualmente Rapture continua a ser deslumbrante, uma cidade sobmerssa no oceano com corredores cobertos de paredes de vidro que nos deixam observar o fundo do mar exterior, os outros pedaços da cidade que não chegamos a ir e a sua beleza com neons e decoração, também o estilo art deco do jogo está muito bem elaborado, seja no design das estruturas seja na decoração dos ambientes, claro que nós navegamos por Rapture após a queda da sua sociedade e da sua degradação acentuada, pelo que vamos passar por ambientes algo sombrios e com uma atmosfera leve de horror, muito leve, que será simplesmente cativante e ao mesmo tempo imersiva pela combinação do seu visual e pelo uso do som no jogo, que terá faixas de ost em momentos certos de maneira a criar mais impacto nas partes de história ou introdução de certas zonas do jogo, mas que no restante não haverá pois uma parte elaborada é a parte sonora do jogo para detetarmos inimigos, “sentirmos” os Big Daddies na zona e ajudar por esta maneira a navegar melhor e com mais cuidado os corredores da cidade de Rapture. Apesar da sua idade visualmente o jogo aguenta-se bem muito devido ao seu toque leve de aspecto cartoonesco.
No fim esta é uma experiência que aguenta o teste do tempo, a quem nunca tenha passado recomendo vivamente, já a quem passou, revisitar Rapture é sempre uma experiência única quando feita de maneira moderada, não consigo deixar de me lembrar que no 2 o impacto dos ambientes era superior mas aqui não fica muito atrás, é sempre magnifico observar as profundezas do mar pelos vidros, a vida marinha, ver os corredores, quartos e ambientes desolados da cidade, os ambientes escuros e sombrios, a iluminação e atmosfera negra em acção que parece vinda de um ambiente de horror, Rapture é única, completamente única.
Na sua forma remasterizada na Switch nota-se algumas questões em efeitos ou texturas, supostamente em parte vindos da resolução dinâmica em acção em que existe um desfoque de fundos, em compensação existe uma constante performance sem quebras que funciona para que tenhamos sempre uma experiência fluída, para se ganhar num lado perde-se em outro mas devo dizer que não teria notada muito esta questão se não soubesse dela que é irrelevante no fim a meu ver. De resto nada a apontar, talvez certos aspectos do jogo como conflitos entre inimigos se note hoje em dia que não são tão presentes quanto se pensava ou impactantes, talvez o combate se note mais desnivelado como mencionei, talvez note mais certos pontos que ajudam a ter uma opinião positiva, bem como falhas, no fim o jogo merece um 9/10 mesmo com certas questões que se podem considerar menores.








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