(De notar que esta análise faz parte da republicação de algumas análises do PSGames Power, o blog a que este sucedeu, e esta análise algo reajustada agora, é originalmente de 2017)
A minha estreia oficial na franquia foi com o remake da 3DS do DQVII (que podem ler a nossa análise aqui), portanto dito isto o mais próximo que tive a oportunidade de jogar deste na PS2 foi pela sua demo que saiu através da revista da altura dedicada à PS2, pelo que com isto quero só dizer que acabo a ter pouca noção dos melhoramentos e “afinamentos” feitos em relação ao original.
A nossa aventura tem inicio nos arredores de Farebury, com uma breve introdução (não no seu sentido completo) da nossa party inicial, constituída pelo nosso herói que era um guarda real do Rei Trode e sobreviveu ao ataque de Dhoulmagus, Yanguns que é o nosso fiel companheiro de aventura e amigo, o amaldiçoado Rei Trode que foi transformado pelo mago Dhoulmagus num ser tipo troll, e a sua filha Medea que sofreu também ao ser transformada num cavalo. Após uma breve cutscene, que começa logo a mostrar um outro nível desta aventura que na altura foi o primeiro DQ a ter voice acting, somos confrontados com um bando de inimigos, mas nada de mais, só mesmo um cheirinho para nos dar o gosto ao sistema de combate pelo que após o mesmo partimos para a cidade de Farebury em busca do mago Rylus, para ele nos elucidar sobre o paradeiro do Dhoulmagus, para que possamos pôr termo a esta maldição.
Infelizmente após breves momentos na cidade descobrimos que Rylus morreu num fogo que aconteceu recentemente na sua habitação (interessante termos mesmo a casa dele em cinzas na cidade), e para ajudar à festa os habitantes reúnem-se junto à praça a tentar expulsar um “monstro” que invadiu a cidade, coisa que dura por breves momentos após nós chegarmos para descobrir que a terrível besta é só Trode, que tinha ficado a aguardar novidades da nossa parte. Saímos da mesma desolados por não ter descoberto nada mas é aqui que a jovem Valentina, filha do vidente Kalderasha, nos vem pedir ajuda dizendo que tinha sonhado connosco e que precisava de ajuda para o seu pai. O coitado perdeu há anos a sua bola de cristal e usa desde então uma de outro material, e as suas previsões acabam a ser um desastre por isso, pelo que ela sabe que pode existir uma numa caverna próxima e pede-nos para a ir buscar, e a gente como os amáveis heróis em cena, aceitamos, e claro que no final vamos beneficiar também pois ainda precisamos de uma forma de descobrir o paradeiro do malvado mago.
E é aqui que a nossa aventura realmente começa, ao contrário do VII, que demora um bom bocado até termos sequer o nosso primeiro combate (não acho isso negativo pois a aventura do VII tem o seu próprio passo,) este avança rapidamente para a ação. Tal como no anterior temos um mapa mundo em grande escala tridimensional que percorremos entre locais que queremos ir, sendo que achei este com proporções de assets num tamanho mais realístico que o VII, coisa que me agrada e também considero que se encontra mais bem preenchido, de notar que tudo o que menciono ao comparar com o VII é ao seu remake na 3DS, o que acaba por ser engraçado a certo ponto, devido a este ser um relaunch por assim dizer de um jogo da PS2 com melhoramentos, tweaks, novidades e adaptações para correr na portátil da Nintendo, mas voltando ao ponto, penso que o preenchimento do mundo do jogo está bem melhor e mais definido e de notar que na versão original os encontros com inimigos eram ao calhas, mas tal como no VII vemos os mesmos no mundo, o que é sempre melhor que eles aparecerem sem a gente saber, torna a aventura mais acessível e em certas alturas fluída.
Em termos visuais já me consta que este tem um downgrade em certas coisas o que até é compreensível, mas o jogo não deixa de ser estonteante por causa disso, o design do mundo, dos locais, cavernas, cidades, a disposição nas mesmas, as personagens em geral que são mais uma vez obra do incrível Akira Toriyama (sim ainda vejo o Tartaruga Genial 1500x neste, tal como no VII eheheh), é simplesmente fenomenal e continuo a ter aquela ideia que os NPC estão tão fantásticos que têm todos algo para nos dizer, nem que seja falar sobre as pedras da calçada, parece que cada um tem algo interessante para falar connosco e a forma como os locais estão idealizados fazem-me em parte sentir como se tivesse a jogar Breath of Fire III, o que é fantástico.
Esta é uma aventura de si fenomenal, e vamos vivê-la com vários companheiros espetaculares, sendo que alguns são novos e a falar de novidades sei que em relação ao original temos algumas quests novas, melhoramentos no sistema de combate e gestão de personagens, por exemplo temos agora uma opção que se originou como um padrão na 3DS no Bravely Default, que é dar um avanço rápido nos combates, coisa que torna a parte de farming de XP um pouco mais acessível para quem não gosta desse fator, temos novos locais para explorar, temos ainda o modo de fotografia que nos permite tirar screens do jogo, pondo o nosso herói selecionado em certas posições ou remove-lo do ecrã mesmo, ainda em certos locais adicionar membros da nossa party para a foto, e algo que veio com este modo são algumas quests temáticas para fotografar inimigos por exemplo, e não só como em forma de desafio às nossas habilidades fotográficas, sendo que estes screens são depois guardados no cartão de memória da consola, e mesmo partilhados por street pass com outros jogadores como um postal se assim quisermos, sendo que temos ainda uma opção do género photo booth para fazer edição nessas imagens no próprio jogo com molduras, stickers e filtros, é algo divertido de se fazer, e fica como uma adição interessante.
Indo ao sistema de combate em relação ao VII sinto que ficou mais bem definido e que acaba por beneficiar de uma mecânica de memória que é um padrão digamos, para evitar termos de estar sempre a selecionar menus para uma certa ação que queremos estar a repetir, ou seja nos nossos turnos seguintes é só carregar A que o próprio jogo nos faz acabar na opção que escolhemos antes, e o facto de o 8 ter o sistema de atribuição de skill points para melhorar atributos dos heróis é algo que senti falta ao jogar o VII, e mais uma vez de notar que os skill points já eram algo existente na versão original, também gostei de certos atributos se diversificarem de herói para herói, para definir também certas habilidades que cada um vai obter, ajudando a criar uma personalidade própria em termos de combate. A variedade de inimigos também se faz sentir a meu ver, pareceu-me que o jogo tinha mais que o anterior, o que é fenomenal, e alguns têm formas ainda mais bizarras e irrisórias (tudo isto no bom sentido), o que puxa ao lado descontraído e cómico da franquia, quer dizer, quem é que não vai esboçar um sorriso ao encontrar um Dracky, que é um morcego balofo sorridente, ou dar uma gargalhada até, ao ver a dança de um Dancing Devil que serve para encantar os nossos heróis de maneira a os deixar num transe de dançar sem parar, quem?
Em suma é uma aventura fenomenal, com uma plot que tem tanto de drama, como de humor e profundidade, profundidade essa elevada pelo voice acting, que faz esta uma experiência ainda mais imersiva e cheia de vida, mas como tudo o que é bom acaba a ter alguma falha, aqui acaba por ser na banda sonora, que no Japão foi uma versão de orquestra e a que no Ocidente não tivemos direito, e que tal como no remake do VII recebemos uma versão de alta qualidade MIDI, continua a ser fenomenal, mas fica aquém daquilo que é a experiencia completa na 3DS. É um jogo perfeito para os fãs de JRPGs e da franquia Dragon Quest obviamente, e vale a penar ser jogado e “rejogado”, fiquei surpreendido, e superou as minhas espectativas.







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